23 de set. de 2009

Run, run!

Talvez seja por isso que eu vivo sufocando sem ar  como uma velhota ridícula à beira da cova já com as velas acesas e o caixão pago à vista. Talvez seja por isso, só pode ser. Por que eu sou engolida por mim mesma desde que nasci. E sempre sonho que estou correndo, como nos desenhos do Pica Pau, daquelas bolas gigantescas que descem ladeira e morro abaixo e passam por cima do pobre coitado que depois de muito correr acaba achatado no asfalto. Nesse caso eu sou o Pica Pau e eu sou a bola. Eu estou sempre correndo de mim que é para ver se passa, se acalma, se aquieta, se eu canso e durmo, se recomeça do zero e de outra forma. Mas não. Meu lado preguiçoso, que quer sossego e uma vida menos louca, ansiosa e intensa , briga sem parar com meu lado que quer tudo para anteontem mesmo eu não tendo mais fôlego para correr tanto e ainda ter que ser feliz correndo. Eu quero ser feliz sentada, de chapéu e óculos escuros, na piscina de um hotel chiquérrimo, descansada e magra depois de pagar 2 paus por 12 sessões de drenagem linfática. É assim que eu quero ser feliz porque ser feliz correndo cansa muito. Ganhar dinheiro escrevendo, cuidar das crianças e tomar sol na cara. Depois ir na dermatologista e tomar bronca porque sol demasiado dá câncer, carajo. E também quero ser feliz indo esquiar. Eu cansei desse esforço físico e mental que eu faço para me libertar de mim mesma e voltar para mim mesma cada vez que penso que estou mais serena. Só que eu nunca estou mais serena então nunca volto completamente para mim. Meu lado desesperada, caótica e infernal é quem dá as cartas nesse jogo onde eu acabo sempre perdendo de mim. Eu quero ser feliz indo na massagista porra. Porque é só assim que meu corpo relaxa: massagem e dorflex. Meu lado caótico é rápido demais e por isso ele engole tanto meu lado mole que também não suporta mais nadar nadar e morrer na praia.
E assim, me engolindo o tempo todo, eu sigo feliz mas sem o chapéu e a piscina, sigo escrevendo mas sem o micro novo e sigo sofrendo que é para ter o que dizer sempre e para ter sempre algum motivo mesmo que médio para chorar porque no fundo eu acho chique chorar.
Apesar de tudo isso, sigo amando loucamente esse amor que me liberta de mim mesma e me traz de volta para o meu corpo cansado, toda noite, quando deita do meu lado e abre seus braços para eu me desconectar de mim.

2 Comentários:

carol disse...

Gostei muito!
bjos
carol

23 de setembro de 2009 às 10:24
Dani disse...

BLOG DE CARA NOVA!
Obrigada pelos comentários e participação sempre presente.

Beijocas,
Dani

23 de setembro de 2009 às 19:11