19 de mar. de 2010

Eu não quero e não vou.

Ter que lidar com isso causa uma angustia tão profunda quanto o buraco do meu estômago que tem devolvido tudo. Até água. Eu que sempre quis tudo para sempre não posso (nem vou) lidar com a finitude das coisas que eu decido que são eternas. Mesmo que elas não dependam só de mim. Eu sou egoísta, lembra? E mimada e mandona. Tudo tem que ser do meu jeito senão eu choro e tenho pânico. Pânico não existe, é uma produção independente e mal feita da sua cabeça idiota e vazia. Ter que lidar com a possibilidade de que tudo acaba é uma merda para as pessoas egoístas e mimadas. Esse negócio de ser mimada existe e de ser egoísta existe mais ainda.

Era tanta coisa para dizer e faltou tempo. Era tanta coisa para ter vivido mas faltou coragem. Era tanto tempo de coisas para clarear mas não foi possível. Às vezes me dá uma vontade incrível e ridícula de dizer umas boas verdades para quem comanda o tempo. Ainda tinha muito mais. E eu morri de medo, a mão suando frio e o corpo querendo vomitar quinze anos por nada. E por tudo. 
Ter que lidar com essa imensidão de sentimentos que me soterram embaixo de minhas próprias lembranças. Meu Deus. É um troço esquisito e complicado. Eu tive tanto medo que dessa vez, eu juro, achei mesmo que fosse morrer. Morrer de medo, morrer de pneumonia por causa desse suor gelado que tomou conta das minhas certezas. Eu me permito sofrer de um jeito tão dolorido que ontem eu quase infartei. De saudade, de ausência, de excesso, de sofrer, de rotavírus. De arrependimento. Morrer de arrependimento também dá uma angustia que se alguém disser que pânico não existe eu soco até o que for tripa ficar para fora e o que for pele ficar para dentro. Sério.  

Sentir saudade de si mesma é um troço avassalador e solitário. Eu queria mesmo é repetir algumas doses de pequenos momentos de felicidade. Eu tenho saudade de conversar até as quatro da manhã. Tenho saudade de sair para dançar. E dançar berrando. Tenho saudade de fazer umas bobagens para ter alguma coisa interessante para contar em tom de confidência. Sentir saudade de saber ir é devastador, mas sentir saudade de querer ficar é bem pior.
Ter que lidar com isso me transforma na mulherzinha que eu nunca quis ser. 
Eu quis muito chorar ontem e chorei. Chorei até desidratar e aprender de uma vez por todas que, apesar de ser tão mimada e controladora: as coisas acabam, Tatiana. As coisas sempre acabam.   


 

2 Comentários:

josé disse...

Como é que você consegue? Infelizmente as coisas sempre acabam.

abraços,
josé

19 de março de 2010 às 17:26
Deco disse...

Oi Tati,

Quanto tempo, hein?

Penso que entre finito e o infinito - em qualquer campo da vida - existe um meio termo,um tom de equilíbrio, uma dose menos intensa - que teimosamente tendemos ignorar.

Admito que não é fácil, uma vez que as coisas, as pessoas e os sentimentos não funcionam sempre do jeito que queremos. Mas isso faz parte do jogo... É o que nos traz flexibilidade, sabedoria e jogo de cintura.

Beijo grande,
Deco

28 de março de 2010 às 19:25