3 de jul. de 2009

Sobre ser feliz.

Chega a me dar um estranhamento profundo o quanto ele sabe ser feliz. Porque eu, meu bem, não consigo ser feliz apenas com uma coca gelada gelada num dia de calor e um cobertor de pelinho lilás bem gostoso no frio. Eu sempre quero mais. Ele sim sabe ser feliz. Ele sim está sempre no contexto feliz da família feliz na propaganda da margarina. Ele fica feliz com qualquer coisa. Ele ri do Vesgo e acorda nossos filhos de tanto rir da vídeos cassetadas. Ele é feliz com um pão quentinho numa tarde mais fresca. Ele é feliz com tão pouco. E é por isso que eu o admiro tanto. Porque ele sabe viver e gosta de viver e acha esplênido o fato de acordar de outra noite de sono. E comigo as coisas atravessam. Atravessam meus órgãos. Eu não tenho vocação para felicidade assim. Tudo bem, eu tenho vocação para ser feliz mas não para ser feliz assim. Só porque acordei. Aliás, hoje mesmo acordei num puta mau humor azedo. De cobrir a cabeça com o travesseiro e querer que o mundo se acabe em barranco que é para morrer encostada. E folgada, como sempre fui. E como gosto de ser.

Ele não. Ele acorda e sorri. Ele pode estar cansado, fodido e mal pago que ele está lá, achando bom. Eu deveria ter percebido antes que me apaixonei por essa simplicidade dele. Uma simplicidade tão simplória que dá vontade de dar uma esmolinha para ela. E ele ali, com aquela carinha dele de satisfeito. Com aqueles lindos traços suaves - não tão suaves quanto antes dos filhos - esbravejando num tom surdo sobre como ficar calmo é o caminho para solução de todos os seus problemas. Ele fica tão feliz com uma fatia de mortadela quanto com um prato enorme de risoto de shitake. E eu aqui querendo sempre mais da vida, dos amores e das dores.

E enquanto ele ri e assisti televisão eu imploro para Santa Rita por milhares de coisas que eu quero que aconteçam. E enquanto ele dorme roncando um ronco de tranquilidade e de cuca fresquinha fresquinha, eu acordo 3, 4, 5 vezes, dependendo do meu estado caótico. E enquanto ele demora 40 minutos no banho eu me enxaguo rapidinho porque ainda tem muito o que fazer.

Ele sim sabe ser feliz. Ele dribla a ansiedade de um jeito tão manhoso, ele fala da vida sempre olhando pro nada, ele me ampara e tenta me fazer esquecer o quanto ansiosa eu sou e o como eu sofro por isso. Ele é o cara mais incrível do cosmo. Ele sim sabe ser feliz com todas as suas pequenas porções formando uma super porção mega blaster.

Mas é por isso (e porque ele fala 4 línguas, e porque ele me ama loucamente, e porque ele me beija como um adolescente e porque ele faz um ovo frito incrível e porque ele me chama de mor e porque ele me deu dois filhos deliciosos) que eu o admiro. Pela sua simplicidade em fazer da vida uma coisa feliz. E simples, naturalmente simples.

2 Comentários:

Unknown disse...

A felicidade é mesmo isto !!! Ser feliz com aquilo que ninguem vê ou se apercebe..
O cantar dos pássaros quando acordamos; o sorriso dos nossos filhos; o abraço de um amigo,um sopa quentinha ;um por do sol na praia; o email tão desejado.Ou simplesmente deitar quietinha junto de nosso amado..
Ser feliz é perceber que estamos vivos.

7 de julho de 2009 às 14:04
Unknown disse...

E é por isso que digo que o amo, ele mudou você radicalmente, no seu jeito simples de ser, gostoso de conversar, do riso fácil,
da família alegre, da cumplicidade sentida por qualquer um que apenas cruze os olhares de vocês,amo o que você se tornou e plagiando "amo muito tudo isso". Amo você Renato, amo tua mulher e teus filhos.
Titia

24 de julho de 2009 às 19:29