26 de set. de 2009
Ele é PHODDA.
Ele é foda. Ele é incrível. Cheio de defeitos, grosso pra cacete, torto, mas adorável. Deve ser coisa de outra vida, eu acho. Imaginem uma pessoa torta. Não fisicamente. Mas uma pessoa torta no sentido de ter a vida torta, de levar a vida de maneira torta. De ser alguém torto no mais figurativo sentido da palavra. Ele tem um jeito de encarar as coisas que é eternamente irreal. Mas ele é o cara, bicho. E ele sempre fala "deixa comigo, eu sou phodda, com PH e dois D!" Ele dança, ele fala alto para cacete, ele bagunça o coreto de qualquer lugar onde ele vá e ele tem um charme que é do caralho. É um charme torto igual o jeito dele levar a vida. Um charme casual porque se ele não está de jeans tá de bermuda. Ele briga o tempo inteiro comigo e a cada garoa que cai em São Paulo me busca insanamente. Só sossega quando descobre que geralmente estou em casa com as crianças. E nas raras vezes em que não estou em casa ele decreta sem pensar: Volte agora para casa Tatiana e quando entrar me ligue!" E ele tem uma batata da perna gigantesca e animal. Ele já está grisalho e um pouco envelhecido pelas opções que andou fazendo na última década. Mas quando encolhe o braço para dançar sozinho como se estivesse acompanhado, cara, quando ele faz isso eu adoro. E ele parece um moleque besta tentando conquistar uma garota linda. Mesmo que não haja moleques nem garotas lindas na vida real. Ele é um cara encrenqueiro, desconfiado e bem humorado que é uma praga. O bom humor dele eu não sei de onde vem. Não sei para onde vai nunca porque eu vou contar, a vida dele é uma coisa absolutamente adolescente. Ele se apaixona morbidamente, ele desama tranquilamente, ele volta pro zero com se estivesse à beira dos 20 e com uma vida inteira para cometer todos os grandes erros. Ele é do tipo que manda flores e chama de bem, sabe?
E ele é meu parceiro. Qualquer hora. Não tem tempo ruim, não tem senão. Ele é o cara mais estabanado que eu conheço mas de um estabano que é diferente. É suave e parece dança. As pessoas sorriem para ele. Porque ele é um anjo e um trator, um balsamo e um abismo. Ele é um caos interno numa guerra civil com mortos e feridos. Mas ele, bicho, ele tem uma coisa de resolver tudo, de socorrer, de não entender que eu sou uma mulher feita mesmo sabendo que isso é a realidade. Ele tem um jeitão tosco de ser que eu, nossa, eu amo. Ele me ouve, ele me xinga, ele vai, ele me rodeia. Ele me torra, ele me azucrina, mas meu, como ele me ama. E como a gente briga. E como a gente se odeia por tantas e indeterminadas e desavisadas vezes. E como eu sempre morri de ciume dele. Nossa. Mas ele vem, ele troca as lâmpadas da minha casa, ele me liga 793 vezes quando meu marido viaja, ele é foda. Ele é do caralho. Mesmo nas trilhares de vezes em que eu tenho vontade de esganá-lo eu tenho vontade de dar um beliscão de amor na bochecha já meio caidinha. Ele sou eu mais velho e masculino. É por isso que a gente briga tanto. E é também por isso que a gente não se desgruda. Ele, eu nem precisaria dizer, é meu pai.
6 Comentários:
Tatiana - bela homenagem, na qual seu pai se vê retratado. Abraço.
27 de setembro de 2009 às 18:30Eu adoro meu pai também! Ele é bravo mas é super companheiro meu!
28 de setembro de 2009 às 10:21beijos
carol
Tati...Que linda declaração de amor !!! Ele deve ter se emocionado ao ler. Ninguém faria uma descrição tão acertiva..rsrs...Maravilha !!!Beijocas e um abraço de alma..
28 de setembro de 2009 às 12:20Adorei o texto! meu pai é meu herói!
28 de setembro de 2009 às 17:03Beijokas!
Tem coisa melhor que pai e mãe?
28 de setembro de 2009 às 18:06Bejos
raquel
Não consigo abraçar meu pai...não tem jeito.
28 de setembro de 2009 às 21:54Há braços!!
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