25 de set. de 2009

Querida,

Eu acordei querendo te fazer uma homenagem. Acordei com uma necessidade absurda de dizer coisas para você e de você. Uma homenagem sincera mesmo. De coração. Para relembrar, recontar, redizer, reinventar, retomar o que não poderá nunca, jamais, em tempo algum ser retomado. Eu não tenho nenhuma lembrança da minha adolescência, ou seja, das minhas cagadas sem você. Em todas você estava junto, impressionante. Nas boas quase sempre. Nas ruins todas.
Acordei hoje pensando que não sei quantos anos são porque perdi a conta já dessa nossa amizade paleozóica. Mas que são anos incríveis, deliciosos, amáveis e de uma parceria de sucesso. Eu e você. Sempre. Sem competições. Até que as pessoas esperassem que assumíssemos nossa homossexualidade, imagina. Eu te levando, te buscando, te inventando aqui, te carregando para lá, te confortando, te amparando, gritando, brigando mas sempre fazendo minha parte. A parte racional da relação. Eu sempre razão. Você sempre emoção. Eu sempre segurando a barra da gente e você sempre fodendo a gente, inacreditável. E tantos apertos. E tantas coisas. E tantas vezes que choramos. E tantas outras em que rimos até chorar. E muitas em que nos metemos em milhares de enrascadas. E todas as vezes que você me emprestou suas roupas chiques e elegantes. E todas as vezes que você depositou dinheiro na minha conta porque eu sempre ganhei mal para cacete e você sempre teve muito mais do que precisam os mortais classe A +. E todas as vezes que passamos a virada do ano como se aquele sim fosse o último de nossas vidas. E todas as vezes que dividimos a mesma cama porque faltava lugar pra tanta gente dormir junto. E todas as ligações que você me fez de madrugada pedindo um papo bom para esquecer de um lobo mau. E das nossas viagens, e das nossas multas com nossos carros porque sempre fomos inconsequentes e de todas as balizas que você nunca conseguiu fazer assim como todas as vezes que você encostou o carro na ladeira e me deu para dirigir porque na ladeira é muito mais difícil. E a gente se ensinando sempre, se misturando pela vida toda, não nos perdendo de vista jamais. Faz tempo. Faz muito tempo que a gente ensaia e estreia. Milhares de coisas nossas em cartaz em milhares de teatros muquifos espalhados pelo centro da cidade suja de São Paulo contando nossas crônicas de nossas vidas tão tão reais. Mesmo sabendo que você nunca vai ler isso porque você nem sabe o que é um blog, hoje eu acordei querendo dizer que adoro você. E todo esse seu jeito que ninguém entende e que quase ninguém quer entender. Eu acordei querendo dizer que é sempre bom. Até hoje é bom. E sempre vai ser bom. Ter você como amiga, minha querida Ternurinha, não tem preço.

3 Comentários:

Principe Encantado disse...

O amigo deve ser como o dinheiro, cujo valor já conhecemos antes de termos necessidade dele,
por isso não vou fazer tal e qual o avozinho infeliz: Em vão,por toda parte,os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz! E eu aprendi que para se crescer como pessoa e preciso me cercar de gente mais inteligente do que eu. Obrigado por serem meus amigos.
Um bom final de semana para todos.
Abraços forte

25 de setembro de 2009 às 17:38
Gabriela Gomes disse...

Oi Tati!

Obrigada pela visita. Que bom que tenha curtido o blog e passado a seguir.

Eu tb gostei do que li, até então, aqui.

Um beijo. E volte quando quiser.

26 de setembro de 2009 às 01:47
Vinicius disse...

Oi.

"É tão dificil manter uma amizade concreta" e tu a tem. Isso é bom. Bela homenagem. Abraço.

26 de setembro de 2009 às 19:08