12 de nov. de 2009

Eu e minha vergonha de você.

Ma dá uma impulsão louca e eu rio alto e toscamente toda vez que vem na minha cabeça as suas imagens. Já faz muito tempo realmente mas há coisas que não se apagam. Sua mania nojenta de coçar o saco em público fazendo “róc róc” na sua discrição completa e irrestrita. Eu até hoje me pergunto como é que um cara estudado, com inglês fluente e viajado podia ser tão interessante e tão idiota a ponto de cometer atos insanos. É. Seu pai também era meu rural pensando melhor. E eu rio uma gargalhada quase histérica de me lembrar da sensação péssima que eu tinha quando você se coçava como não tomasse banho há uns três dias e as pessoas reparando e com certeza comentando e rindo de você. E de mim óbvio. Porque afinal de contas também não entendo como é que eu fui capaz. Porque não era uma coçadinha ou aquela ajeitadinha que todo mundo conhece e que toda mulher perdoa porque sabe que não há jeito. Era uma bela coçada com requintes de crueldade e trilha sonora. Eu nunca confessei mas hoje tudo bem Eu morria de vergonha e tinha mil vezes que preferia andar de mão dada com o Mercadante de tão tosco e sem noção que era aquilo que você fazia. O pior é que você percebia e achava natural como se tivesse sido abandonado na floresta e criado por sei lá que tipo de criatura que coça o saco dessa maneira que não sei você ainda faz.. Para você era uma coçada básica a gente sabia. Mas a verdade sempre crua é que parecia que você ia ficar com as duas bolas se debatendo loucamente nas mãos. Eu juro que era isso que eu e o mundo inteiro achávamos.


Eu nunca consegui entender porque você, que era um cara tão assim era tão mal assado ao mesmo tempo. Isso porque eu nunca disse nada sobre seu hábito de ficar uns quatro dias sem escovar os dentes alegando que fio dental bastava e que os medievais viviam otimamente sem as ferramentas de higiene bucal. Bochechava um listerine ardido e pronto, estava resolvido, pronto para todas as batalhas da vida. E eu também jamais mencionei que você raspava o cabelo para economizar no shampoo e porque lavar dava muito trabalho. E outra. Eu mantive trancado a chaves o seu pior segredo. Aquele sabe? Que você passava maisena como talco no sovaco porque nunca lembrava de comprar um desodorante e acreditava que Maisena impedia os pêlos do sovaco de suar. Eu também nunca entendi essa teoria mas tudo bem. Pelo menos a Maisena não tinha cheiro mas você vivia vencido e eu sempre morri de curiosidade de perguntar se você não sentia seu próprio cheiro.
E mesmo assim eu te amava num amor divertido e companheiro.
Enfim. Também. Nessa época apesar de escovar os dentes, tomar banho, lavar o cabelo e não desembaraçar meus pêlos em público, eu era absurdamente tosca. Eu admito.

4 Comentários:

caroline disse...

ahahahahaahah adoooooro!

beijos
caroline

12 de novembro de 2009 às 15:29
Carla Martins disse...

Aeee...demais, hein? Adorei!

13 de novembro de 2009 às 11:49
josé disse...

Tatiana,

Incrível o texto. Eu ri como sempre.
Abraços,

josé.

13 de novembro de 2009 às 13:53
N. disse...

Eu ri DEMAIS! Muito bom, como sempre. =)

16 de novembro de 2009 às 22:56