14 de dez. de 2009

Telefone sem fio.

Cada vez que esse telefone sem fio chega aqui no meu ouvido eu fico louca da minha pobre vida que tem muito sentido. Cada vez que você quer saber se eu ando feliz ou se ando pelada eu tenho vontade de ir até aí e socar a sua cara até você ficar o protótipo do Slot em sua versão 6D. Cada vez que você tem a surreal ousadia de perguntar para qualquer pessoa como anda a minha vida eu me lembro de um dia que você me pegou de jeito no elevador do meu antigo prédio e eu tentando não me expor para a câmera tentei fugir. E você tampou a câmera com a mão. E a minha pobre e inocente vovózinha tomou uma advertência da administração do prédio. R$ 130,00 de multa adicionados ao condomínio. E também me lembro da tarde em que você me levou para assistir American Pie. Meu Deus, como você era idiota e babaca. E eu mais ainda porque me apaixonei por um cara idiota e babaca como você que tem o péssimo hábito de ser doce e sem vergonha do jeito que as mulheres (também quase sempre idiotas) gostam.

Toda vez que alguém vem dizer qualquer coisa sobre sua vida eu morro estupidamente de ódio. Morro e melo toda essa sua fantasia de brincadeira besta de mandar recado sem mandar, de querer saber sem querer saber. Só por babaquice porque a gente não pode esperar nada além disso de um cara tão como você.

Hoje o telefone sem fio veio com você querendo saber se eu continuo feliz e  vou te dizer. Eu ando feliz, eu andei feliz sempre desde aquele dia em que você com essa cara de pau infinita e essa voz rouca me disse que tinha passado e quando passava acabava. Sim eu sobrevivi a você, às suas frases encantadoras, aos ditados chineses que só você conhecia ou que só você inventava porque a verdade é que eu não sei nada sobre ditados chineses. Eu sobrevivi até às músicas de Vinícius que você sussurrava no meu ouvido seletivo que sabia que aquilo tudo era uma mentira absoluta e ordinária mas adorava escutar só para fingir por uns minutos que a vida é colorida. Eu sobrevivi àquela paixão, àquela loucura e sobrevivi bem. Ótima aliás. E eu sei que você não perdeu o hábito de achar que é a última coca-cola do deserto. Aliás, eu tenho descoberto muitas coisas mesmo tantos anos depois e sem saber nada sobre você. Eu até acho que te conheço mais hoje do que te conhecia quando vivemos aquela avalanche de sentimentos que fez a gente beirar um abismo sem qualquer remota chance de volta. Você nunca me conheceu porque a gente viveu rápido uma história tão absurdamente urgente que faltou tempo para a gente saber quem a gente era. Eu não lembro seu nome do meio e e você também não deve lembrar se eu gosto de pizza. Mas uma coisa sobre mim você vai descobrir agora. Nem quando eu tinha 5 anos eu gostava de telefone sem fio. Eu sempre gostei mesmo era de beijo, abraço ou aperto de mão.  

1 Comentários:

Carla Martins disse...

Eu também,. principalmente de abraço.
Hihihihih

E, mais tarde, de beijo. Muitoooo beijo!

huahuauahuahuahuaha

beijinhos!

15 de dezembro de 2009 às 09:53