18 de jan. de 2010

A história do fim inventado.

Hoje quando eu olhei para mim a cena era familiar. Estava de short quadriculado e regata branca surrada da Hering. Cotovelos apoiados nos joelhos num momento tipicamente adolescente ouvindo uma música que me lembrou da primeira vez em que eu senti muito medo de perder o amor que Papai do Céu tinha me dado de bandeja. De bandeja porque honestamente eu não andava merecendo nada nada. Fechei os olhos bem forte e pude rever a cena.
A gente estava numa mesa de um bar super cool da época. Lá perto da Cidade Jardim. O namoro era recente, fresco, sem rusgas nem mágoas porque nada tinha para ser dito até ali. E você docemente, com um whisky na mão esquerda e a mão direita no meu rosto disse: "Eu adoro você. Mas você é a mulher certa na hora errada".
E eu quis fugir dali porque não podia me revelar tão insegura se para te conquistar eu caguei montes até que você me notasse te ignorando. E só então se apaixonasse por mim.  Mas como não pude fugir porque eu já era meio dura e meio verde, docemente devolvi. "Eu também adoro você. Mas você também veio na hora errada. Uma pena". E seu rosto ficou congelado e decepado pela minha doçura inesperada e pela minha calma desconhecida. Você rodeou o whisky com seu indicador duro num comportamento típico dos alcoólatras de não sei qual grau. Aquele que precisa do toque com a bebida para sossegar os poros. E depois de mais força, mas ainda na mesma posição, me lembrei dos seus olhos cheios de lágrima e o indicador mais duro que antes me dizendo. "Uma pena mesmo. Porque eu estava brincado só para ver se você se importaria caso eu terminasse com você". E eu me lembro de ter achado você o cara mais infantil do mundo, mais brochante da face da Terra e eu quis me matar com um gole de veneno por descobrir que você era tão tão tão cretino. Nossa, eu me lembro de engolir seco a decepção e a vontade de rir da sua cara e sair correndo pelada pela Avenida Europa só para dizer para o mundo inteiro que eu tinha o dom de escolher mal. Só que como eu nunca pude perder o rebolado e o charme, chamei um táxi e fui embora super segura de mim e da minha vida afetiva infernal.

Eu sei que você vai me odiar por ter inventado o final da história.
Mas é que até hoje eu não sei perder a pose. Nem para contar história.

2 Comentários:

Carla Martins disse...

Flor, tem uma surpresa pra vc lá no Leitura! :)

beijinhos!

21 de janeiro de 2010 às 15:04
Felicidade Clandestina. disse...

nossa , como eu amei, eu tambem nem sei perder a pose, quase nunca dou o braço a torcer. *--*
me identifiquei demais com esse teu texto flor.
MUITO LINDO O BLOG. beijos doces :**

31 de janeiro de 2010 às 01:49