1 de fev. de 2010

A música do freedom

Te encontrar daquele jeito tão natural depois de tantas vidas me fez lembrar daquele dia. Ou melhor, daquela noite. Daquela noite naquela boate que a gente sempre ia quando queríamos dançar até amanhecer sem pensar que tínhamos pai e mãe nos esperando sãos e salvos. Daquela noite em que a gente cantou muito alto aquela música que dizia qualquer sobre "freedom". Faz tanto tempo que eu nem posso reproduzir na cabeça o ritmo dela. Mas a verdade da música era a nossa verdade absoluta. Era o tal do refrão do "freedom" que a gente sabia muito bem o que queria dizer. Era aquela paixão por quem não se pode nem enxergar. 

Eu tenho duas imagens daquela noite. Cantando forte e alto. E olhando no fundo dos seus olhos tentando me encontrar em alguma daquelas sombras. Eu gritava pela liberdade de ser só de você mesmo sabendo que não podia. E berrava sóbria que era para você perceber que era a única e a maior verdade.

Aquela noite me declarei cantando e você consentiu olhando e achando incrível que eu, mesmo sem falar inglês cantava tudinho com uma fluência aceitavelmente charmosa. E a outra imagem que eu tenho da gente é você chegando com um puta carro importado na porta do prédio para me levar num puta restaurante japonês quando jantar em restaurante japonês não era moda e no rodízio não vinha pescada. Aquela noite chovia porque eu lembro da ânsia de vômito que senti quando vi como estava meu cabelo. 

Te encontrar tão sem querer me fez lembrar como era sentir aquele desespero por aquela liberdade. Aquela liberdade daquela noite quando eu quis muito te dizer que eu era irrevogavelmente apaixonada por você e que eu queria que a ética não existisse. Pelo menos naquela noite. Daquele jeito adolescente. Mas como eu não podia eu cantei. Cantei a tal da musiquinha que dizia qualquer coisa assim: "You are my freedom".

2 Comentários:

Carla Martins disse...

Você arrasa!

beijinhos!

2 de fevereiro de 2010 às 09:36
josé disse...

Puta texto delicioso de ler!

2 de fevereiro de 2010 às 13:35