29 de mar. de 2010

Sei lá o que é isso.

Sei lá o que é esse negócio de sentir tanta falta até das coisas que continuam intactas e inexploradas. Sei lá o que é isso, mas de repente sou tomada por uma invasão que vem de fora do meu corpo e que me faz querer sair fazendo um monte de cagadas por aí. Como seu não houvesse consequência. Como se nunca, em tempo algum, houvesse nada além de grandes cagadas com cheiros de bons momentos que eu nunca deixei passar.
É quando eu sempre paro, inclusive de respirar, me olho no espelho e encontro ali uma amiga que o tempo afastou de mim. Uma amiga com o papo desenhado tipo de galinha. Uma amiga com umas rugas suaves mas não menos preocupadas. Não sei mais quem eu sou e esqueci nossa missão impossível nessa minha medíocre passagem pela Terra. Volto a respirar, quase sufocada, para a realidade que diz que é o fim. O da picada. O da nossa vida. O fim do nosso plural. O fim dos dias querendo te esganar e o fim das tardes sempre enfestadas por você, sua mochila e seu Ipod.
Me escondo em mim mesma, bem atrás da minha sombra e fecho os olhos bem forte. Meu avô sempre dizia para fechar os olhos e pensar numa coisa muito muito boa. E então o medo iria embora porque não há e nem nunca houve nada melhor do que o pensamento positivo.
  
A verdade é que sempre há consequencias, sempre há retaliações, sempre há situações que a gente gosta de chamar de castigo para o mundo morrer de pena da gente enquanto a gente fingi que é forte. Tudo para ser elogiada.
E então, mesmo com os impulsos do corpo eu me acorrento nisso que é a minha segurança: nós. Mesmo depois do fim dessa picada que coça sem dó e causa uma ferida com a ponta vermelha.
Eu tenho medo e sei que você também tem. A gente se esconde embaixo do nosso lençol, a gente dorme de conchinha, a gente toma banho com a mesma água que é para ver se nosso resto não vai embora, a gente se ameaça e no segundo seguinte volta atrás. Sei lá o que é isso de sentir tanta falta até do desconhecido mas é um buraco no meio do corpo que não enche nem com buchada de bode nem com amor de avô. Sei lá para que tanta coisa suspensa no ar, misturada com tudo que eu já aprendi. Sei lá para que tantas dúvidas se eu podia aprender de novo a decidir, a ir embora, se recomeçar é parte da vida. Sei lá o que é esse monte de insegurança fincada no nosso píer construído com barro e enfeitado com almofadas de motivos indianos. Para a gente deitar e filosofar sobre as coisas enquanto olha as estrelas no cenário perfeito.

Outra hora dessas li em algum lugar o seguinte: tudo que a gente entende a gente pode abandonar com facilidade. E eu não entendo mais a gente. E tomara que seja assim para sempre.

1 Comentários:

Carla Martins disse...

Flor, eu tinha sumido geral da blogosfera....mil coisas aconteceram, mas eu to de volta, viu?

30 de março de 2010 às 18:20