2 de jun. de 2009

O dia em que eu pedi ele em casamento.

Exatamente assim que foi. Rápido e dolor. Isso mesmo, eu disse D -O -L - O - R.
Desde o primeiro instante eu sabia. Eu sabia que era ele.
Eu sabia que era naquele olho azul lindo que eu me perderia. Eu sabia desde o primeiro minuto que era ele. Que era com ele. Que era prá ele. Desde o segundo em que meu olho o reencontrou, mandando uma mensagem pro meu cérebro que gelou minha coluna e bambeou minhas pernas finas. Era aquele sorriso que eu queria dividir, era com aquele cabelo preto enrolado combinando com a camiseta Hering com decote em V que eu queria passar o resto dos meus dias entediantes tomando banho.

Eu sabia que era ele. Mesmo com aquele sorriso inocente dos adoráveis cafajestes e aquela aliança enooorme que ele ostentava no dedo. Aquela jóia linda e grande e bem grossa que uma filha da puta qualquer tinha conseguido colocar no dedo dele antes que eu chegasse pará entrar na disputa. Eu sabia que era com ele. Que era com ele que eu queria casinha branca, dois filhos, cachorro e pic nic domingo no parque.

Eu sabia que era com aquele FILHO DA PUTA que eu queria viver todos os dias da minha vida a partir daquele milésimo de segundo. Eu sabia desde o instante que minha íris o reconheceu como uma parte perdida de mim.

Aquele menino sem jeito e sem graça do colégio. Aquele mesmo que era apaixonado por minha amiga por longos 17 anos. Aquele nerdzinho safado com jeito de menino inocentinho qe nunca beijou na boca. Aliás, esse nerd filho da puta nem foi na minha festa de 15 anos. Aliás eu o convidei prá dançar a valsa dos meus 15 anos comigo! E ele nem sequer teve coragem de tirar a bunda do sofá e aparecer na minha festa mesmo que fosse só pra encher a cara e contar vantagem na rodinha de amigos safados dele. Esse trauma já foi superado assim como outros milhares de traumas que fiz questão de colecionar enquanto fazia parte da turma das meninas descoladas do colégio.

Eu sabia que era com ele. Eu sabia que era naqueles pernas cabeludas que eu queria dormir enroscada, naquele peito quase sem pêlos que eu queria encostar prá dizer babaquices românticas. Eu sabia que aquele sobrenome ia ficar lindo e chique em mim, pra compor com o meu comum demais. Desde o primeiro chopp sabia que eu queria e que eu iria. E nesse instante eu também sabia que minha vida de sacanagem e biscatices tinha acabado. Que todos os beijos, todos os encontros, todos os sexos do mundo haviam sido colocados em algum plano beem longe, fora da briga. Porque eu sabia que estava perto de me tornar plural e findar de uma vez por todas com aquela busca incessante. As infinitas madrugadas frias nas ruas da louca Paulicéia. Tudo tinha ficado prá trás naquele primeiro segundo de segundo, logo que senti aquele cheiro de perfume de Free Shop. Eu sabia.

E depois do milésimo chopp, eu pedi licença, tirei aquela aliança horrorosa do dedo dele e pedi que se casasse comigo. E o filho da puta riu. Riu muito. Riu da minha cara. E eu senti um dos maiores ódios de toda minha vã existência. Eu tive vontade de socar a cara dele com um soco inglês bem fodido. Eu tive vontade de chorar e chorar e chorar até ser abduzida por ETs. O nerd que não foi à minha festa e que ficou 17 anos apaixonado por outra estava rindo da minha cara na maturidade.

E então ele secou a boca de caipirinha de saquê, dobrou o guardanapo bem elegantemente dobrado, guardou a aliança, me beijou e casou comigo.

1 Comentários:

K'rol disse...

Que perfeito. Me arrepiei ...

17 de novembro de 2012 às 22:01