4 de nov. de 2009

Eu não calo.

Eu nunca calo porque calar para mim é desistir e desistir não dá. É para os fracos, covardes e mais cansados do que eu. Não que eu seja uma verborrágica ambulante mas poucas vezes eu sei e menos vezes ainda eu quero calar. Prefiro assim, morrer acreditando no diálogo como formar de salvar, além do universo inteiro, as relações entre nós, humanos pensantes e nossos sexos opostos ou iguais. Eu não calo porque calar é quase trair em pensamento. É não dar chance de réplica, de defesa. E traição nunca deu, que dirá agora. Eu não calo porque conheço pessoas que nunca disseram nada e morreram de uma dor profunda na garganta e tiveram câncer no intestino que é para onde a gente leva tudo que não presta e tudo que não foi dito. Calar é para aqueles que não sabem arregaçar as mangas velhas e quase descosturadas e sair em busca das coisas com que sonham porque são pequenos demais para todas as lutas diárias e gigantescas dessa vida que é amar. Eu não calo por causa dessa minha mania de levar a vida. Aos trancos e solavancos que é para morrer lutando como heroína de causa nenhuma. Eu não calo porque o silêncio é o mensageiro do fim e eu detesto fins. Ainda mais o nosso fim, esse com o qual eu não posso conceber porque a verdade é que eu nasci para nós. Eu grito sempre que é para todo mundo ouvir e testemunhar que todos os meus recursos estão sendo usados nessas milhares de tentativas de remendar nossa colcha de retalhos já surrada pelo tempo, pela falta de cuidado e por esse pó que insisti em entrar mesmo com tudo trancado em nossas tetras. Eu não calo porque nasci cheia de argumentos e quero passar a vida toda te dizendo que eu valio a pena, que eu te amo e que, sem nós, meu amor, eu não existo e nem quero. Eu brado todas as minhas centenas de palavras difíceis que busquei no dicionário que é para ver se você se orgulha de mim, que é para você me achar inteligente quando você sabe que eu sou burra. Que eu sou burra por você.

Eu escrevo que é para você saber e para todo mundo saber também que eu, meu amor, naufrago numa banheira com patinhos para chamar sua atenção se for preciso. Eu te mando mil emails porque eu sou uma tagarela insegura e porque fui embora. Fui embora de você, de mim, de nós. Dessa vida chata e habitual demais para mim. E pequena demais para nós. Eu não calo porque calar é consentir e eu não posso consentir com o silêncio jamais, nem nos meus piores pesadelos.
Eu não calo e nem quero. Porque o dia que eu calar, meu amor, pode saber. Eu morri.

4 Comentários:

Carla Martins disse...

Total! Eu também não calo, não meixxxxxxxmo!

4 de novembro de 2009 às 11:20
N. disse...

Caramba, lindo seu texto. Simplesmente, lindo. =)

4 de novembro de 2009 às 21:28
José disse...

Parece que você sempre escreve escutando minhas histórias!

abraços,
José.

5 de novembro de 2009 às 16:25
Mauro Castro disse...

Passando para por a leitura em dia, Tati. Nada como um sábado chuvoso...
Há braços!!

7 de novembro de 2009 às 15:19