11 de nov. de 2009

Sobre o tempo e os bons amigos.

O tempo passa rápido para cacete e ao mesmo tempo em que tudo muda, nada muda porra nenhuma e a gente tem que reencontrar pessoas para ver que a vida é assim mesmo. Na minha época de agência eu era uma pseudo menina grande e peituda. E sempre folgada. Não sou mais uma pseudo menina. Agora sou uma pseudo mulher. Mas continuo grande, cada vez mais peituda e anos Eras mais folgada talvez porque esteja também muito mais segura. Ou talvez porque os anos tenham me emburrecido um pouco mais e minha massa cinzenta tenha se deteriorado com esse calor absurdo. E ao mesmo tempo em que isso me angustia muito sou acometida por um alívio visceral e imediato quando olho para o Flavinho. O Flavinho não é mais só um pseudo menino punheteiro. Agora ele é um pseudo homem. Ele adorava palavras como merda, bunda e gozar. E isso, não mudou. Antigamente ele era um pseudo designer. Hoje ele é um designer dos fodidos. Olhar para o Alê também. O tempo não passou, não contei uma ruga a mais nele e não enxerguei fios brancos no cabelo. Mas também minha vista mudou bastante. Ele sorri igual, um sorriso quase discreto mas que quando vira gargalhada é de uma histeria energética. E mexe no cabelo de Zé bonitinho como há alguns anos atrás. E fala das mulheres com o mesmo ar adolescente que anos atrás, sempre com uma tirada boa que me faz sentir raiva e orgulho em ser mulher. Nessa época, anos atrás, ele era um playboy absoluto. Hoje continua um playboy absoluto, de camisa listradinha branca e azul e gola branca com seu super mega ultra blaster Iphone e todos os zilhares de aplicativos do Universo. Sujeito do bem e do bom. E o Fernando foi o de todos o que quase completou a coleção de cabelos brancos. Mas sempre com as mesmas piadas sarcásticas, às vezes toscas e com o toque ácido que lhe é peculiar desde sempre também. Ele parece uma criatura grosseira mas no fundo no fundo ele é uma fachada de favela como eu. É o mesmo tipo de antes. Curioso, furioso e filho da puta com as coisas das relações humanas. Antigamente, o Fernando era um pseudo animal. Hoje depois de ser promovido e ter se especializado ele é um animal completo com um pensamento rápido e que sabe muito da vida. A Lilica é a cabeça de sempre, a central do Brasil varonil. Raciocínio e estratégias são para ela tão naturais quanto é para mim comer e respirar. Só que muito mais bem humorada e infinitamente mais humana do que alguns anos atrás. Antes ela era uma chefe amiga. Hoje ela é minha amiga chefe. Tudo nela tem a mesma intensidade dos anos de agência quando a gente virava madrugada achando legal trabalhar até que o sol raiasse entre as persianas brancas bronzeando a pizza esturricada da noite na correira.

Então eu me pergunto porque é que o tempo corre tanto quando ele devia dar uma folga e porque ele passa tão devagar quando a gente quer acordar curada de tantas coisas que a vida leva e traz só para a gente aprender – ou pelo menos tentar - lidar com a saudade. Afinal é para mudar tudo ou não mudar nada? É para ir logo ou devagar? Bom mesmo seria não questionar tanto e respirar mais quando estou morrendo nessa felicidade louca de rir tanto e tão pouco porque gastar sorriso fácil não é para mim não. É. Eu também continuo mau humorada como sempre porque eu quero acreditar, mesmo sabendo que não, que esse é o charme da minha revolta sem motivo e o que faz da fachada da minha favela essa coisa tão rudimentar.

Enfim. Tudo muda, nada muda porra nenhuma e o tempo é - para todos - inexorável, o que dá a sensação meio angustiante de que tudo acaba e que nada foi feito para ser para sempre. Mas se essa sensação vier junto com o Xissa, uma coca zero bem geladinha e um monte de gente boa na mesma mesa. Porra. Aí vira história boa rapidinho e a gente nem sente que tanto tempo passou.

3 Comentários:

Alexandre Chumer disse...

Lindo Tati. Ótimo rever amigos. Vamos fazer com Mai frequência.
Um bj

11 de novembro de 2009 às 15:03
José disse...

Lindo texto.
beijo
José

12 de novembro de 2009 às 10:40
ligia disse...

respondi por email..=)) mas é isso a gente precisa aprender a viver mais e melhor.
bjkas linda.

12 de novembro de 2009 às 14:14