5 de jan. de 2010

Você foi.

Você foi o frio que me deixou gripada mil anos três meses e 16 horas.
Você foi a passagem conturbada que me recriou de um jeito que eu não queria. Você foi a música cantada por um retardado afônico do caraleo. Você foi uns meses de verão, um plano B para não sufocar na minha própria ausência e no meu auto excesso, você foi a tirinha de jornal da minha vida de Aline. Você foi tudo que eu queria para algumas noites de diversão seguidas de manhãs frias com companhia agradável para me fazer rir de tudo que na verdade era para pensar profundo. Você foi a cor das minhas regatinhas decotadas quando ainda dava para usar sem medo de ser feliz decotada. Decotada e jovem. Você foi uma história maluca que me tirou do sério quando me lançou ladeira abaixo de volta para minha verdade torta, para meu humor duvidoso e para o meu desejo imenso de amar 24 horas non stop. Você foi minha missão impossível enquanto eu acreditava piamente num Ethan Hunt em forma de bóia de coração para me salvar desse mar de tubarões.

Você foi uma figura abstrata que a vida concreta fez despencar na minha frente e me obrigou a isso tudo e mais um pouco. Você foi uma roupa velha daquelas confortáveis que encaixam perfeitamente no corpinho tipo coxinha com catupiry. Você foi um chacoalhão violento e brutal em tudo que andava sem sensibilidade por falta de uso. Uma avalanche covarde de pedras enquanto eu, de pijama das meninas super poderosas, dormia de conchinha com ninguém. Você foi uma novela mal contada e representada por um elenco mexicano de merda com ibope zero, meu amor. O verde água e a treva fodida de almas penadas que gritam por socorro enquanto escalam aqueles limbos tenebrosos. Você foi, assim como aquela mulher do velho Rei Roberto, o pior dos meus enganos.

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