14 de jul. de 2009

Buscando razões.

Eu vivo buscando razões tanto quanto busco a tal da felicidade plena dos comerciais da TIM com atores sempre de braços abertos falando da tal liberdade de não sei que porra.
Eu busco razão pro amor, pra vida, pros sentidos, pros mau entendidos, para os meus grandes e piores momentos. Eu busco razão para estar aqui, para ter filhos, para gostar de chuchu e abobrinha, para devorar barras e barras de chocolates e não ter piriri e para chorar toda vez que vejo o especial do Roberto Carlos no dia 25 de dezembro. Eu busco razão para essa verdade toda que me consome em pequenas porções deixando meus miolos moles e me impedindo de admitir o quanto às vezes eu sou uma idiota insegura que não se assume. Porque eu não me lembro onde mas comprei a verdade. Toda ela. E todas as suas razões. Eu estou há 32 anos buscando uma razão para amar tanto, para sentir tanto, para traumatizar tanto, para intensificar tudo. Tanto. O tempo inteiro. Porque eu nunca entendi como uma pessoa pode se apaixonar e amar tanto assim. Um amor que vem do orifício mais escondido e apertado do meu corpo. E é amor mesmo. E é tanto amor que chega a doer as juntas, de dar reumatismo precoce. Eu quero só uma razão para não conseguir mudar coisas, para não ter controle sobre tudo que me amedronta. E eu tenho vontade de me esconder embaixo da minha cama e ficar lá de olhos fechados e ouvidos tapados cantando, até meu pai chegar e me resgatar como um herói de filme americano babaca. Eu queria apenas uma razão para ser tão dona da verdade a ponto de nem sequer questionar comigo mesma. Eu queria mesmo era uma boa razão para ser um vulcão de emoções latentes que me deixam mole e preguiçosa como num domingo de chuva cheirosa e gelada. Eu queria entender porque tantas coisas se dão e eu não posso fazer nada. Eu quero uma razão para minha incapacidade com as palavras, para minha má formação com a verdade dos outros. Eu passo grande parte do meu tempo buscando explicações e razões e motivos. Eu acordo pensando no motivo de tudo isso e mais um pouco. E durmo perguntando para ninguém a razão de amar tão intensamente que chega a secar a garganta como aos 15 anos, logo depois do primeiro ciclo menstrual.

E a razão nunca vem. Por mais que eu pense, escreva, chore e ame intensamente. Por mais que eu teorize, a razão nunca chega. Porque, Tatiana, há coisas que não precisam de razão alguma. Só por isso.

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